O perfil do viajante mudou. Como se adaptar à nova realidade? Os desafios que as empresas enfrentam hoje e quais medidas de modernização podem ajudar o turismo foram alguns dos temas debatidos no painel do Travel & Lifestyle Summit 2019, que teve participação de: Manoel Fernandes, diretor da BITES; Elisa Araújo, sócia e diretora comercial do Viaje na Viagem; Juliana Vital, diretora geral do Voopter; e Marcel Bianchi, head de parcerias na ClickBus. A moderação ficou por conta da presidente do Conselho de Turismo da Fecomércio, Mariana Aldrigui.
Manoel Fernandes começou o debate explicando que é possível colher informações que identifiquem padrões de comportamento do turista no mundo digital, por meio de ferramentas até mesmo gratuitas. Transformar esses padrões em estratégias de negócios é que é o pulo do gato. Como exemplo de estudo de padrões dos viajantes, o diretor da BITES compartilhou análises extraídas a partir dos resultados de pesquisa da palavra ‘viajar’ no Google Brasil, que foi procurada 21 milhões de vezes no ano, sendo a maior de todas as buscas das demais mídias, como redes sociais e imprensa. “Isso mostra que o grande experimento do turista quando vai decidir o que fazer está no Google. É assim que ele encontra o Instagram da pousada, é assim que ele descobre o destino, é assim que entende o que ele vai fazer”, avaliou Manoel.
Dentro da pesquisa, a expressão mais procurada é ‘viajar barato’ e a pergunta mais comum é ‘quanto custa viajar?’. “Isso é retrato da recessão no nosso país, mas o ponto positivo é que, mesmo na crise, as pessoas continuam viajando”, destacou Manoel. E completou informando que “os destinos mais procurados são Brasil, sendo Nordeste a região favorita, seguido por Portugal e outros países da Europa. Os estados brasileiros que despertam maior interesse em viajar são: São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal”. Os resultados mostraram, ainda, que no Sul e no Sudeste as pesquisas por viagens aumentam no verão. No Norte e Nordeste, esse crescimento é no inverno.
Para Elisa Araújo, do Viaje na Viagem, o importante é “o que o viajante quer saber?”, citando os conteúdos das matérias mais lidas de seu site. Europa, Itália, Campos do Jordão, Foz do Iguaçu, Gramado, Arraial do Cabo e Cabo Frio, além de informações de serviço, como textos sobre bagagens de mão e trem para o aeroporto são os assuntos mais procurados em 2019. “O que se nota a partir dos temas das 10 matérias mais lidas do ano é que há enorme interesse em roteiros, guias completos e serviços”, resumiu Elisa.
Ela também falou sobre o que focar em conteúdos de viagem. “Precisamos estar focados no permanente consumo de inspiração, como séries, redes sociais, programas de TV aberta e mesmo família e amigos; na fragmentação do interesse do consumidor; e no novo paradigma de ‘autoridade da informação’, que hoje acontece entre os próprios viajantes, por isso o TripAdvisor funciona tão bem”, afirmou. O grande diferencial do Viaje na Viagem é o fato de publicarem somente o que conhecem, contando experiências de jornalistas que escrevem conteúdos exclusivos para o site ou compartilhando experiências enviadas pelos próprios leitores.
Juliana Vital, diretora geral do Voopter, abordou como o digital e a tecnologia ajudam o brasileiro a viajar mais e revelou que a plataforma tem 2,5 milhões de usuários cadastrados e que 80% das pesquisas são por dispositivos móveis. “Temos uma grande preocupação em prover conteúdo de qualidade e baseado em experiência. Para isso, a plataforma tem colaboradores brasileiros que moram em outros países e contam as experiências vividas”, afirmou. Do mercado, Juliana compartilhou que houve aumento de 56% nas buscas por passagens em 2019 quando comparado ao ano anterior. “Em 2018, os destinos nacionais representavam 75% dessas buscas. Hoje, a porcentagem subiu para 81%. Entre eles, os mais buscados são: São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Salvador e Fortaleza”, apontou. Em relação aos internacionais, Juliana afirmou que os mais procurados são: Lisboa, Miami, Santiago, Buenos Aires e Porto. Ela encerrou sua participação dizendo que o grande desafio é que o on e o off trabalhem juntos. “Online e offline precisam se ajudar e se tornar uma coisa só. Esse é o desafio, trabalhar em conjunto, pois o consumidor final é um só”, concluiu.
Finalizando o debate, Marcel Bianchi, head de parcerias na ClickBus, falou que ainda há muitos desafios para que as passagens de ônibus sejam vendidas pela internet, já que as pessoas ainda têm o hábito de comprá-las na própria rodoviária. “Queremos ter os ônibus nas vitrines das agências de turismo para torná-los mais acessíveis. Precisamos contar com a modernização para entender a jornada do usuário a partir de dados e, assim, conseguir atuar em toda a cadeia e entregar tecnologia”, afirmou. “Por exemplo, em pesquisas recentes descobrimos que um dos maiores problemas vistos por usuários de ônibus de turismo era o deslocamento até a rodoviária. A solução que encontramos foi fechar uma parceria com aplicativos de transporte que levassem e buscassem esses passageiros na rodoviária com nossa intermediação”, contou. Marcel reforçou, ainda, que os ônibus de turismo tendem a ser mais considerados para viagens e mais divulgados, especialmente porque são alternativa sustentável em relação aos aviões.